
A luta, esporte que carrega séculos de tradição e preconceito, e que exige disciplina, respeito e autocontrole, foi jogado ao chão na madrugada de domingo em São Paulo. Após a vitória declarada de Popó, o que deveria ser um espetáculo de superação e profissionalismo terminou em caos: equipes invadindo o ringue, empurrões, confusão e pancadaria generalizada. Uma cena lamentável transmitida em rede nacional, em plena madrugada, pela maior emissora do país.
Não há espaço para relativizações. Popó e Wanderlei, dois nomes que deveriam ser sinônimo de exemplo, conseguiram transformar o que poderia ser uma noite histórica em um vexame público. Não foram apenas eles que perderam: perdeu o esporte, perdeu o público, perdeu o Brasil. O UFC já é alvo de preconceito, muitas vezes tachado de violento ou inadequado. Pois bem, parabéns aos protagonistas dessa noite: conseguiram entregar o estereótipo em bandeja de prata para os críticos. Incentivaram uma bela pancadaria entre turmas de colégio, para a próxima segunda-feira. Sim, ídolos influenciam.
Mais grave do que a derrota da dignidade do esporte nessa noite, é a mensagem, como disse, enviada aos jovens que assistiram. O que se viu não foi coragem, nem técnica, nem espírito esportivo. Foi descontrole, irresponsabilidade e uma demonstração clara de que esses atletas e suas equipes não merecem mais ocupar os lares e as telas de milhões de brasileiros. Quem não sabe vencer e perder com honra não tem o direito de representar um esporte.
A cena é ainda mais cruel porque o público esperava uma celebração do esporte, e não um espetáculo grotesco de vaidades e fúria infantil. O ringue, que deveria ser território de respeito e superação, virou palco de circo barato. Esse tipo de conduta não apenas envergonha os protagonistas, mas constrange todo o país diante de um evento transmitido em rede nacional. É motivo de vergonha, inclusive, para e amissora e seus patrocinadores.
O Brasil não precisa disso. O esporte não precisa disso. Popó e Wanderlei, ao lado de suas equipes, não precisavam disso. Conseguiram o impensável: afastar ainda mais a luta do coração do povo brasileiro. O nocaute, desta vez, não foi dentro das cordas: foi contra a própria dignidade do esporte.