O compositor Elivandro Cuca tornou público um impasse que já dura quase um ano envolvendo a marca de bebidas Cabaré, da qual o cantor Leonardo é sócio. Segundo ele, a empresa utiliza a obra “Beber, Beber” em campanhas publicitárias desde 2019, sem qualquer autorização dos autores: ele próprio, Raimundo Bahia e Guilherme Lopez. A música, gravada por Leonardo, estaria servindo de trilha sonora para anúncios, vídeos promocionais e peças de divulgação da cachaça e da cerveja Cabaré, em clara violação aos direitos autorais.

Cuca, que já teve composições gravadas por nomes como Ivete Sangalo, Joelma, Calcinha Preta, Margareth Menezes, Durval Lelys, Zé Felipe e César Menotti & Fabiano, afirma que o grupo tenta resolver o caso de maneira amigável há mais de nove meses, mas sem sucesso. “Não é justo que uma empresa premiada mundialmente e um artista milionário estejam agindo dessa forma conosco, os compositores”, desabafa. Para ele, o uso recorrente da obra sem licença representa não apenas uma infração legal, mas um desrespeito à figura do criador musical.

Após notificações extrajudiciais enviadas pelos autores, a empresa teria apagado mais de uma dezena de vídeos contendo a música. Ainda assim, segundo Cuca, o uso publicitário teria ocorrido em volume muito maior ao longo dos últimos anos. Para reforçar a acusação, os compositores consultaram um especialista em sincronização de uma editora multinacional, que confirmou que se tratava, de fato, de uso comercial típico de campanhas publicitárias, o que exigiria autorização prévia e pagamento de direitos.

Com o desgaste crescente e a ausência de acordo, o caso pode avançar para a esfera judicial. Cuca reforça que a intenção dos autores sempre foi resolver a questão com diálogo, mas, diante da permanência da violação, avaliaram que não há mais espaço para espera. “Nossa obra foi utilizada repetidas vezes para promover uma marca milionária. A lei existe para proteger o compositor, e é isso que buscamos: respeito e justiça”, afirma.