Maike e Renata no 'BBB 25'
Reprodução Globoplay
Maike e Renata no 'BBB 25'


O Big Brother Brasil 25 entrou na reta final carregando o peso de ser, inegavelmente, uma a pior edição da história do reality. A ausência de Boninho na direção escancarou uma série de falhas técnicas, estratégicas e éticas que comprometeram não só a qualidade do entretenimento, mas também a integridade do programa como espaço de responsabilidade social. Ainda que tenha havido esforço da nova equipe, faltou experiência, pulso e principalmente consciência.

Os erros começaram cedo, ainda nas primeiras semanas, com a forçada antecipação do quarto secreto — uma medida improvisada para devolver Gracyanne ao jogo, apesar de sua eliminação precoce. A manipulação do formato, claramente não planejada para aquele momento, soou como desespero e desrespeito às regras previamente estabelecidas. O público percebeu, sentiu-se traído, e a confiança na condução da temporada começou a ruir.

A sequência de equívocos seguiu com a famigerada prova do congelamento, que beirou o amadorismo. A prova foi iniciada enquanto participantes ainda estavam em atividades rotineiras, como Matheus, que estava no banheiro. O episódio virou chacota nas redes sociais, e com razão: mostrou o despreparo de uma direção que perdeu o controle até mesmo das dinâmicas mais tradicionais do programa. O caos virou regra, e o entretenimento virou constrangimento.


Mas o que verdadeiramente manchou esta edição foi a maneira como a produção lidou com episódios claros de importunação sexual e violência contra a mulher. Mike agarrava pelas mãos o pescoço e o cabelo de Renata de forma agressiva, em uma cena que deveria ter gerado expulsão imediata. Em vez disso, a Globo optou por advertências brandas, enquanto o público e os próprios administradores do acusado reconheciam a gravidade do ato. A decisão de ignorar a urgência da situação e priorizar entrevistas e narrativas convenientes pós eliminação é um retrato do que o BBB 25 se tornou: o BBB da permissão.

Boninho, em resposta a uma crítica online, chegou a mencionar que o mais difícil era “segurar a pressão que vem de cima”, insinuando que há decisões que só se mantêm com coragem e responsabilidade peitando a emissora e patrocinadores. Essa coragem faltou ao diretor Dourado, que se curvou diante da conivência institucional. Um reality que já foi pioneiro em pautas sociais se calou no momento em que mais precisava falar — quando uma mulher foi violentada em rede nacional e a emissora escolheu preservar o jogo ao invés da integridade da vítima.

O BBB 25 ficará na memória não pelas festas, provas ou finalistas, mas pela omissão. A omissão de uma direção sem comando, de uma emissora que deixou de ouvir o grito das mulheres e de um programa que virou as costas para a sua própria história. Se há algo que esta edição nos ensinou, é que sem firmeza, ética e respeito, não há entretenimento que sobreviva. E para as mulheres que assistiram a tudo isso, a mensagem foi clara — e revoltante: a violência pode até ter espaço, desde que não atrapalhe a audiência e o cronograma da programação.

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