Se o BBB 25 tivesse sido, de fato, uma disputa de duplas até o fim, não haveria dúvidas sobre quem sairia com o título de campeões: Dona Delma e Guilherme. Sogra e genro, os dois foram os últimos eliminados em dupla. E isso é uma vitória das grandes dentro do jogo, embora um detalhe técnico que pode até parecer pequeno, mas que carrega uma simbologia poderosa. Em um país onde a piada da sogra é um folclore nacional e o genro raramente é visto como parte legítima da família, o que essa convivência dentro da casa mais vigiada do Brasil nos ensinou?

Delma e Guilherme chegaram longe juntos. E não apenas por afinidade estratégica, mas porque cultivaram respeito, escuta e cumplicidade. Algo raro até em laços que se constroem fora da pressão de um reality show. Enquanto muitos apostavam que a convivência diária e a diferença geracional criariam atritos, eles entregaram afeto, parceria e — por que não dizer? — um exemplo. A televisão, que tantas vezes reforça estereótipos, dessa vez nos ofereceu uma quebra de paradigma.

A relação entre sogras e genros, frequentemente retratada como difícil ou desconfiada, ganhou novos contornos com essa dupla. Não se trata de idealizar — porque o jogo foi duro, as tensões existiram — mas de reconhecer o valor de uma convivência possível, de um vínculo que não precisa ser imposto, mas pode ser construído com cuidado e entrega. A convivência entre eles mostrou que há espaço para diálogo, para carinho, para escuta e reconhecimento mútuo.

Enquanto o jogo individual agora avança, a história de Delma e Guilherme fica. Eles podem não estar mais no páreo pelo prêmio final, mas venceram algo talvez mais raro: a resistência dos nossos próprios preconceitos. O Brasil assistiu, em horário nobre, uma sogra e um genro se apoiando, se acolhendo, se escutando. Isso, por si só, já vale muito.

Num momento em que relações familiares são cada vez mais atravessadas por ruídos e distâncias, é bonito ver um exemplo de como a escuta e o respeito podem surpreender, até mesmo dentro de um reality show. Que a vitória simbólica dessa dupla sirva de inspiração aqui fora. Porque, no fundo, todos temos uma Dona Delma ou um Guilherme na vida — e talvez estejamos apenas esperando o momento certo para construir algo bonito com eles.