Geraldo Luís é voz para os esquecidos
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Geraldo Luís é voz para os esquecidos


Há portas que não se abrem com chaves. Algumas precisam ser arrombadas com gestos de humanidade. Outras, com silêncio atento. E há aquelas que se abrem apenas quando alguém tem coragem de escutar o que o mundo preferiu calar. Foi isso que Geraldo Luís fez — não com estardalhaço, não com espetáculo. Ele simplesmente pegou o microfone, saiu à rua e fez o que ninguém ousou fazer: deixou que os marginalizados contassem suas histórias com a própria voz.

Não poderia ser outro. Foi ele, o contador de histórias que por décadas nos guiou pelas trilhas da emoção na televisão, quem empurrou a maçaneta enferrujada dessa porta esquecida. Mas desta vez, ele fez mais do que contar. Ele entregou o microfone nas mãos calejadas de quem nunca teve espaço, e se pôs a ouvir. Talvez porque só alguém com uma espiritualidade tão acima da média entenderia que, às vezes, a presença é mais poderosa do que qualquer roteiro.


Esse projeto não é só um podcast. É um altar levantado em plena calçada, onde cada ser humano esquecido é convidado a ocupar o centro da cena. E quando escutamos, com o coração aberto, como tenho feito semanalmente, percebemos: não estamos diante da dor de um estranho. Estamos diante de um espelho. Os relatos de quem vive à margem nos ensinam sobre resiliência, sobre perdas que suportam sem aplauso, sobre silêncios que gritam. E, mais do que tudo, sobre o valor imenso da vida e das oportunidades que temos, e que tantas vezes deixamos escapar.

Geraldo Luís não inventou a escuta, mas reinventou o gesto de escutar com alma. Ele nos mostra que cada voz silenciada carrega uma sabedoria bruta, urgente, que pode nos salvar do cinismo, da pressa, da indiferença. Ao abrir espaço para essas histórias, ele não apenas oferece dignidade a quem foi negado, mas nos convoca a sermos mais humanos — mais atentos, mais presentes, mais irmãos.

O que ele faz agora é plantar uma fresta de luz onde por tanto tempo só houve sombra. Talvez, hoje, a claridade ainda seja pouca. Apenas um feixe pequeno de luz nessa porta que ainda inisiste em permanecer enferrujada para total abertura; Mas o suficiente para que amanhã, outros também enxerguem. Talvez o que o Geraldo esteja fazendo agora seja isso: empurrar um pouquinho a porta. E isso já é muito. Isso é imenso. Obrigado, Geraldo!

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