Troféu Imprensa aconteceu na noite do último domingo (4)
Reprodução/SBT
Troféu Imprensa aconteceu na noite do último domingo (4)


Após anos paralisado pela pandemia, o Troféu Imprensa retornou à televisão em 2025 com uma cerimônia renovada. Agora sob o comando de Patrícia Abravanel e Celso Portiolli, a premiação ressurge com uma dupla de apresentadores entrosada, leve e afinada, que conseguiu dar ritmo e frescor ao evento. O público respondeu positivamente: foram 7,8 pontos de média e 9,1 de pico na Grande São Paulo, conquistando a vice-liderança absoluta no horário, das 19h14 à 00h11 — um feito expressivo para os padrões atuais do SBT.

No entanto, em meio à celebração da TV brasileira, um detalhe destoou: o comportamento de parte do júri convidado. Frases como “não assisto isso, é um saco” e “isso já deu o que tinha que dar” soaram como verdadeiros golpes à essência do Troféu Imprensa. Silvio Santos, idealizador da premiação, sempre prezou pelo respeito a todos os indicados, independentemente da opinião pessoal de cada jurado. O espírito da premiação sempre foi o de exaltar o esforço de quem trabalha no meio artístico, e não rebaixar ou desmerecer.


O tom jocoso, a falta de embasamento e a ausência de conhecimento sobre os programas avaliados geraram desconforto por parte de alguns jurados. Na categoria infantil, por exemplo, foi evidente que alguns jurados desconheciam os concorrentes e optaram por votar com base em impressões indiretas como rota de fuga, como o que seus netos “talvez” assistam. Esse tipo de argumento enfraquece a credibilidade da escolha e reduz o valor simbólico do prêmio para os profissionais indicados — muitos dos quais dependem de reconhecimento para seguir construindo sua trajetória no meio artístico.

Além disso, algumas escolhas chamaram atenção por parecerem exageradamente inclinadas ao SBT. É legítimo que programas da emissora sejam valorizados, mas soa estranho o noticiário “SBT Notícias” vencer o consolidado Jornal Nacional, mesmo com inovações recentes. O mesmo se aplica ao “Fofocalizando” superar o tradicional “Mais Você”, há mais de 3 décadas no ar consolidado em audiência e sucesso comercial. A impressão é que a conta não fechava já nos primeiros minutos da cerimônia, o público percebeu e cobrou nas redes sociais.

O Troféu Imprensa é, há décadas, símbolo de prestígio na televisão brasileira. Não por ser um reflexo exato do gosto popular ou da crítica especializada, mas por reunir os dois em um mesmo palco, com seriedade e imparcialidade. A nova roupagem e a condução acertada de Patrícia e Celso indicam que há vontade de manter esse legado. Mas para isso, é necessário cobrar mais responsabilidade do júri, que precisa estudar os indicados e opinar com respeito.

Silvio Santos construiu essa premiação com base no respeito à arte e ao público. Que a homenagem ao seu legado vá além das palavras e se reflita também na postura de quem julga. Para as próximas edições, fica o desejo de que os pilares da imparcialidade, do respeito e da seriedade — marcas registradas do Troféu Imprensa — voltem a ocupar o centro do palco.

Para finalizar, uma última observação, sentida por muitos e que, certamente, não será falada por ninguém: em meio à bonita celebração do Troféu Imprensa, vale um toque sincero — quase como conselho de amigo — ao sempre carismático Celso Portiolli: elogios têm mais peso quando vêm dos outros. Seu discurso, embora emocionado, passou da medida ao mergulhar em uma narrativa pessoal extensa, marcada por autocomplimentos e por uma fala exagerada sobre ter arriscado a vida pelo SBT durante a pandemia, ainda numa fase sem vacina. Soou mais como autoengrandecimento do que homenagem. O momento destoou do tom da cerimônia a ponto de Patrícia Abravanel, com habilidade, precisar intervir para recuperar o ritmo do programa. Celso é talentoso e querido demais para precisar se promover tanto — seu trabalho já fala por ele.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!