
Roubar o INSS é mais do que corrupção: é perversidade. É tirar de quem já deu tudo o que podia. O aposentado, na maioria das vezes, é alguém que trabalhou por décadas, madrugou, sacrificou sonhos, sustentou famílias e pagou seus impostos sem direito a inadimplência ou erro. Esse dinheiro que lhe chega ao fim da vida não é um favor do Estado — é um direito conquistado com suor, doença, renúncia. E quem rouba esse dinheiro deveria, sim, ser punido com a maior severidade da lei. Prisão perpétua não seria exagero, seria justiça.
Os casos de fraudes no INSS, que vêm sendo revelados pela imprensa e investigados pelas autoridades, apontam para um esquema estruturado, articulado e covarde. Uma máfia especializada em falsificar documentos, fraudar benefícios, desviar recursos. Quadrilhas que não hesitam em sequestrar o pouco que resta a milhões de brasileiros idosos. E, pior, muitas vezes com a conivência — ou pelo menos o silêncio — de figuras públicas, apadrinhados políticos e gestores públicos que preferem virar o rosto a enfrentar o crime instalado dentro do Estado.
Mas talvez, e com toda a cautela que se deve ter, estejamos vivendo um momento diferente. A Polícia Federal e as polícias estaduais parecem, enfim, atuar com mais autonomia. Não há notícias recentes de delegados sendo trocados para abafar investigação. Não há relatos de tentativas explícitas de sufocamento ou desmoralização das instituições que combatem o crime dentro da máquina pública — como tantas vezes ocorreu em governos passados, em que interferências políticas deslegitimaram operações inteiras. Que isso seja o novo padrão, e não a exceção.
É imprescindível que essas investigações avancem, doa a quem doer. Não interessa se o político envolvido é de direita ou de esquerda. Não importa se o corrupto está vestido com farda, terno ou camiseta. A única bandeira que se deve sustentar nesse caso é a da Justiça. E a Justiça, quando se trata do sofrimento de aposentados, não pode ser branda. O dinheiro do INSS não é “recurso público” no sentido abstrato: é a linha tênue entre dignidade e miséria para milhões de pessoas.
A sociedade brasileira precisa romper de vez com a cultura do roubo consentido. Não podemos mais normalizar o desvio de aposentadorias como se fosse apenas “mais um caso de corrupção”. É preciso indignar-se. É preciso exigir punição severa, rápida e exemplar. Que a Polícia tenha liberdade total para ir até o fim. Que não haja blindagem. Que se quebrem sigilos, que se prendam os responsáveis. E que o Estado, por fim, pare de premiar quem rouba o futuro de quem passou a vida inteira contribuindo. Porque quem tira o pão de um aposentado não é só ladrão. É canalha. E canalhas merecem cadeia.