Rico Melquiades joga
Reprodução/TV Senando
Rico Melquiades joga "Tigrinho" ao vivo durante CPI das apostas


Tem dias em que as notícias parecem brincar com a nossa paciência, e ontem foi um desses. A separação de Virgínia Fonseca e Zé Filipe causou comoção, claro, afinal, são dois nomes de peso no entretenimento nacional, cercados de fãs, contratos e narrativas públicas. Mas, ao fim, trata-se de uma decisão privada e legítima: qualquer casal tem o direito de se separar quando percebe que o vínculo não faz mais sentido. Não há ironia aqui, nem julgamento, apenas o reconhecimento de um direito humano básico: o de escolher o próprio caminho.

O problema começa quando, no mesmo dia, outra “bomba” é lançada, mas esta sim nos atinge diretamente, enquanto cidadãos. Rico Melquiades, ex-fazendeiro, ex-comediante involuntário, ex-tudo, anuncia que pretende se candidatar a um cargo político. E aqui não estamos falando de direito, mas de responsabilidade pública. A política brasileira, já combalida, não pode se transformar em palco de quem confunde número de seguidores com qualificação mínima para gerir recursos públicos ou legislar em nome de milhões.


É evidente que qualquer pessoa, formalmente, pode se candidatar, desde que preencha os requisitos legais. Mas há uma diferença abismal entre poder e dever. O direito de se candidatar não anula o dever de tratar a política com a seriedade que ela exige. A candidatura de Rico não é só uma piada: é mais um sintoma de uma política que, cada vez mais, cede espaço para o entretenimento vazio, enquanto afunda em desprezo à técnica, à ética e ao compromisso social.

Enquanto a separação de Virgínia e Zé Filipe seguirá sendo apenas um assunto pessoal que, gostemos ou não, não diz respeito a mais ninguém além deles, a entrada de Rico na política é uma afronta coletiva. Não podemos mais tolerar que o espaço da política seja sequestrado por quem vê nela apenas mais um palco de vaidades e bizarrices. A política não é reality show. Política é coisa séria, mexe com vidas, define rumos e cobra um preço alto quando tratada como piada.

Portanto, hoje não é dia de lamentar um casamento que acabou, isso é da vida. É dia de lamentar, com indignação, que a política brasileira tenha virado terreno fértil para quem nunca demonstrou qualquer preparo ou compromisso público. Separações são naturais; candidaturas irresponsáveis, não. E nas urnas, mais do que nunca, precisamos lembrar disso.

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