Mateus Solano em
Reprodução/ TV Globo
Mateus Solano em "Elas por Elas"



No Hudson Theatre, durante uma montagem de Death of a Salesman, Wendell Pierce precisou interromper a peça quando uma pessoa na plateia se tornou perturbadora. Em vez de reagir com hostilidade, Pierce quebrou a personagem para tentar apaziguar a situação, falou com a espectadora e manteve a calma até a equipe de segurança conduzir o caso. Foi um gesto humano, os tabloides classificaram uma atitude que espectadores elogiaram como demonstração de profissionalismo e humanidade em cena.

Já em segundo episódio que viralizou na televisão, Drew Barrymore interrompeu a gravação do seu programa ao ver uma espectadora chorando de emoção na plateia: ela foi até a mulher, perguntou se estava bem, acolheu-a e ofereceu palavras de afeto ao vivo, transformando um momento privado em um gesto público de cuidado que emocionou espectadores e foi amplamente repercutido pela imprensa. É um exemplo de como parar o roteiro para priorizar uma pessoa pode virar lição de gentileza.


No caso de Hadestown, em 2022, uma atriz do elenco repreendeu repetidamente uma espectadora que parecia filmar o espetáculo. Primeiro buscou-se a repreensão. Além de ser sua primeira vez no teatro, se descobriu também que a pessoa usava um aparelho de legendagem por acessibilidade. A produção e o teatro emitiram um pedido formal de desculpas e reconheceram a necessidade de treinar equipes, uma correção pública que privilegiou respeito e aprendizado coletivo em vez de simplesmente punir. É um bom exemplo do teatro como espaço para reparar equívocos.

O fenômeno dos stage doors e da interação pós-peça também traz exemplos de cuidado: atores como Tom Hiddleston e outros frequentemente aparecem nas reportagens sobre como lidam com multidões de fãs, quando percebem alguma atitude que considerem fora dos padrões: relatos mostram a delicadeza desses intérpretes ao manter limites sem perder a ternura no contato com quem os admira. Esses gestos mostram que a empatia também pode estar no depois do aplauso, quando o artista continua humano fora do palco.

Por fim, há episódios em que artistas, embora não em situação idêntica à de filmagens, deram prioridade à vida e ao acolhimento: cantores e atores que orientam equipes e seguranças a ficarem atentos à plateia, mantendo uma dinâmica de trabalho onde o diálogo acolhedor é a porta inicial. 

Esses gestos mostram que o palco pode ser, antes de tudo, um território de humanidade, e que o verdadeiro artista é aquele que entende que o espetáculo só é completo quando o público se sente respeitado, principalmente em sua primeira experiência. A experiência da punição arbitrária pode ser duramente traumática para alguém que sofre algum grau de autismo, ou até mesmo um défict de atenção, muito comum. Por isso, quem vê cara, não vê coração. E é justamente nesse sentido que nossos atos definem nossos rumos.

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